Queremos através do nosso desporto, fazer com que a maioria das crianças a nível do nosso concelho, aquelas que não praticam nenhum desporto, pratiquem, não como uma forma de virem a ser atletas Olímpicos, porque todos sabemos que não são todos que conseguem esse patamar, mas sim com o intuito de fazer com que essas horas vagas sejam preenchidas pela prática da nossa modalidade concretamente.
Promover então com isto a união, a inclusão e a integração desde os mais jovens até aos mais adultos e desde os mais capacitados até aqueles que por problemas de saúde ou devido a um acidente tenham algum tipo de condicionamento físico e não só.
Gostaria muito de contagiar com o meu espírito as pessoas que tenham a oportunidade de se cruzar no meu caminho, até porque o judo para além de promover coordenação motora e o equilíbrio, também proporciona uma data de competências de defesa pessoal que são necessárias para a preservação do indivíduo nesta sociedade.
Gostaria de aumentar a população feminina, ultrapassando o taboo e promovendo a igualdade de género que é um dos temas que se tem vindo a desenvolver na nossa sociedade, equilibrando assim o número de praticantes femininos com os masculinos.
Gostaria de criar a tradição de um campo de férias numa altura de interrupção letiva, onde possamos promover a nossa modalidade em específico mas também em sinergia com outras modalidades que queiram participar para oferecer um leque variado de atividades desportivas e culturais promovendo a formação cívica e para além disso partilhar a nossa experiência como Olímpicos e com isto promover os valores olímpicos que prevalecem no desporto desde a antiga Grécia até aos jogos da moderna era com tudo aquilo que predicou o Barão Pierre de Coubertain.
É claro que para tudo isto ser possível vamo-nos aos poucos organizando, não tanto a nível de estrutura, mas sim a nível de financiamento porque toda a ideia precisa de um financiamento para ser levada adiante e queremos poder contar com esse recurso, que esperamos que sim e estamos no bom caminho para isso, pois tudo precisa ter uma primeira vez para abrir portas e abrir caminho.
É este o legado que eu como atleta Olímpica gostaria de deixar na minha comunidade.
Da nossa experiência podemos referir que já chegamos a trabalhar com várias crianças que chegaram com um quadro de crianças apáticas, isoladas introvertidas, crianças vítimas de bullying, sendo que passado algum tempo de prática connosco e com os colegas do clube, rapidamente e satisfatoriamente conseguimos vislumbrar uma mudança quase total de atitude para melhor, também falamos de crianças hiperativas com falta de concentração e problemas de conduta tanto com colegas como com professores que após manterem um período de prática, conseguiram-se resultados satisfatórios no sentido de uma mudança positiva. Tivemos também casos de rapazes jovens que inclusive no caso de um estava com um quadro depressivo que até o induziu a uma tentativa de suicídio, sendo que também após um período de prática connosco, a sua vida retomou os eixos, fazendo-nos sentir orgulhos do nosso impacto, assim como também tivemos jovens com problemas de toxicodependência que pelo menos no tempo em que estiveram connosco notamos que o seu comportamento social beneficiou.
No final de tudo quero acrescentar que eu própria como atleta Olímpica, utilizei muito o judo na sua vertente de evolução motora para efeitos de reabilitação do mais pequeno dos meus filhos que tem paralisia cerebral parcial.